sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um tsuru de esperança para 2010

2010 está chegando! É hora de comprar uma nova agenda, planejar novos modos de vida, repensar o que foi produzido em 2009, colocar na balança os prós e contras e, por fim, fazer um esforço para executar as mudanças necessárias. Enfim, é momento de transição, momento de olhar ao redor e dizer: “o que 2010 quer de mim?”


É com alegria que escrevo este texto nestes últimos dias de 2009, pois coloco nas minhas palavras uma grande tarefa para pensarmos na transição do ano: a descoberta de novas formas de relacionamento interpessoal. Para isso, escolhi uma referência simbólica oriental que tem tudo a ver com a potência de vida capaz de abrir o ano com força total. Você já deve ter ouvido falar na antiga tradição oriental de dobraduras de papel. Quem nunca viu um desses no tempo de escola? Todos queriam aprender a fazer origami. Mas por que algo tão simples é tão interessante?

Origami é uma palavra japonesa que significa dobrar papel (“oru” = "dobrar" e kami = "papel"). Pelo fato dessa atividade envolver nosso senso lúdico (brincadeira) ela é capaz de nos fazer voltar ao nosso tempo de criança. Porém, ao fazer o tsuru (uma das modalidades do origami) não se trata apenas de dobrar papel. Há um sentido simbólico por trás dessa “brincadeira”. É isso que me encanta e que me motiva a escrever este texto! Há uma história de uma garota japonesa chamada Sadako Sasaki. Ela descobriu ter leucemia devido aos problemas da bomba atômica em Hiroshima, período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Segundo a cultura japonesa, aquele que fizer mil origamis representando uma garça (tsuru = "garça") teria um pedido realizado. Sasaki, durante o tempo que esteve no hospital, começou a fazer as dobraduras depois de aprender com uma amiga. Seu desejo era ficar curada. Infelizmente, ela veio a falecer antes de completar as mil garças. Os jovens do local se reuniram e passaram a continuar o trabalho de Sasaki, até que ergueram um monumento na cidade em sua homenagem. Mas o que isso tem a ver com o ano novo?

Acredito que o prazer que temos em fazer um tsuru por dobras de papel esteja ligado à sustentabilidade pelo ato simbólico que o papel dobrado passa a carregar, como vimos no caso da garota. Há um espírito de renovação pelo fato de se dobrar cuidadosamente um pedaço de papel. Este “cuidado”, ou melhor, “carinho” em tocar o papel e lhe dar a forma de uma garça nos remete a nosso instinto de criação, de curiosidade, de aprendizado. O que mais seria a sustentabilidade a não ser o ato de criar e de aprender pela curiosidade saudável de desvendar o mundo.

Para o ano de 2010, gostaria que meus leitores considerassem a figura do tsuru como uma metáfora para a sustentabilidade das relações, visto que ele já representa longa vida. Que este carinho em dobrar o papel para conseguir alcançar a forma da garça seja um carinho semelhante no relacionamento com nossos companheiros de trabalho, amigos, família e todos aqueles que passarão por nossas vidas em 2010. Assim, como competência emocional e como prazer lúdico de representar a garça pela dobradura, espero que o ano que chega seja uma oportunidade para lidar com as pessoas da mesma maneira cuidadosa e carinhosa que dobraríamos o papel. Além do mais, o que seria nosso contato com as pessoas a não ser grandes dobras de sentimentos que se fazem em nossas almas.

Um ano de 2010 de muita esperança, assim como é o objetivo simbólico do tsuru.

2 comentários:

  1. (postado por Isabel Rios Piñeiro, pela Comunidade Venda Mais)

    Excelente reflexão Minoru, e que no novo ano você continue nos beneficiando com seu conhecimento!
    Um abraço!
    Isabel

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  2. Isabel, muito obrigado pelas considerações.
    Acredito que o conhecimento deve ser compartilhado, no sentido de criar uma conexão emocional e cognitiva visando a transformação de todos nós para melhor.
    Um extraordinário 2010 para você e toda a sua familia.
    Minoru Ueda

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