quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Empatia como Ferramenta de Liderança

A empatia alimenta-se da autoconsciência; quanto mais abertos estamos para nossas emoções, mais hábeis seremos na leitura de sentimentos. (Daniel Goleman)

O leitor deve estar acostumado a passar um bom tempo nas filas dos bancos pagando contas ou resolvendo outros trâmites do cotidiano. Sendo assim, ficar na longa fila parecia ser algo completamente desagradável. Porém, algo me surpreendeu e me fez reduzir a velocidade diária de costume. Um rapaz e uma moça próximos conversavam alto e gesticulavam na fila do banco.
A princípio, fiquei incomodado, mas de repente a moça começou a contar para seu amigo algo que a estava afligindo muito.

A reclamação da moça era sobre um curso de Excel avançado que ganhou de seu chefe. Ela dizia que estava desmotivada, não estava entendendo nada e que não sabia mais o que fazer. Conforme a conversa deles se desenrolava, descobri que o curso de computação havia se tornado um pesadelo. Por isso, o Excel avançado era um grande “presente de grego”.

Ora, bastava que ela falasse para seu chefe, e o problema estaria resolvido, não é? Mas como ela continuou: “eu não poderia recusar a oportunidade, como sou nova na empresa, e o curso é necessário para minhas atividades diárias”. Neste momento, mudei minha opinião e passei a sentir com a moça aquela aflição. Por pouco não me envolvo na conversa.

Mas qual o motivo de apresentar este relato? O que essa pequena história cotidiana tem a ver com o tema da empatia? Por que a moça não disse para o chefe o que a afligia tanto? Bom, esta dificuldade de comunicação é o tema deste texto. Convido o leitor a seguir meu raciocínio neste território delicado.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que o processo de empatia envolve uma abertura, um processo delicado de escuta, uma forma de audição sem julgamentos. Posso dizer que naquele momento de correria no banco, houve um instante em que fui empático: senti com a moça a dificuldade de estar fazendo um curso “inadequado” para não “contrariar” o chefe. Mas como assim “contrariar”, se ele não sabia o que estava acontecendo? O que a impossibilitava de contar sua dificuldade a ele? (...)

___________________________________________________

O trecho acima pertence ao artigo do Prof. Minoru Ueda publicado no livro Ser Mais Líder – Os caminhos da liderança na visão de grandes especialistas, da Editora Ser Mais, lançado em fevereiro/2010. A publicação, que reúne importantes especialistas nas mais variadas áreas de desenvolvimento pessoal e profissional, apresenta neste artigo um relato do Prof. Ueda sobre uma percepção das relações comunicacionais nas organizações. O ambiente organizacional representa uma rede de relações constante entre pessoas cheias de esperanças, expectativas e necessidades diferentes. E, a importância de exercer uma leitura das competências emocionais é a base da sustentabilidade das relações.

Um comentário:

  1. Prezado Professor,
    Parabéns, pelo seu desejo de se aprofundar nos meandros da alma humana. Ela é fascinante mesmo!!!
    A identificação com a a aflição da moça fez um laço que o capturou,essa sedução é uma armadilha que nos toca no fundo...

    Contudo poder apreciar a questão de um outro ângulo pode ser oportuna, a moça ao apontar que:

    “eu não poderia recusar a oportunidade, como sou nova na empresa, e o curso é necessário para minhas atividades diárias”

    Há um imperativo superegóico - "Vc precisa conseguir..."

    Seguido de uma justificativa "não poderia..." a qual não sustenta, ou seja "(porque) sou nova" não é uma boa explicação, e é uma péssima justificativa, mas é uma ótima barreira emocional a ser usada como muleta.
    E aí está a armadilha!

    Para se observar isso é necessário um desapego, no sentido de não estar ligado, de não corresponder a nenhum dos semblantes de alta força social.

    Por que a moça não disse para o chefe o que a afligia tanto? Porque, antes de tudo, ela teria que vencer a barreira do superego.
    E isso traz para o sujeito uma sensação de estar errado, de culpa...

    "Conhece-te a ti mesmo" já dizia o oráculo de Delfos. Contudo para a construção de uma estratégia parte-se do ponto que se está certo, pois: Conhece-te e vais ganhar todas as batalhas. - Sun Tzu.

    Tentar uma estratégia contra o inimigo (chefe) antes de se resolver com o superego pode ser um caminho para um ato falho (um erro) e aí poder dizer: "As uvas estavam verdes..."

    Garabet (garabet@terra.com.br)

    ResponderExcluir

Deixe seus comentários aqui: