terça-feira, 15 de junho de 2010

O ‘Eustress’ no tabuleiro da vida cotidiana

Acredito que qualquer leitor conheça mais de uma pessoa que pauta a vida por reclamações, desânimos e palavras depreciativas. O espírito do descontentamento ronda nossa felicidade e está cada vez mais difícil tomar as rédeas do bem-estar. Como diz Abraham Lincoln, o nível de felicidade é medido por um grau de decisão de ser feliz. Ora, ser feliz é uma proposta de vida, e não um lance do acaso. Seremos estressados se nos deixarmos ser. Sendo assim, é possível interferir no fluxo de nossa alegria? Sim! Veremos como!

Vamos imaginar que nossa vida esteja mais ou menos estruturada sob as regras de um jogo de xadrez. Existem certas obrigações (movimentos) que devemos cumprir para continuar no jogo. Porém, ao mesmo tempo, o temor pela derrota faz com que alguns de nossos percursos no “tabuleiro” sejam precipitados e impensados. Eis a fonte do estresse.

Na pressão de uma jogada, podemos perder o foco e dar um passo em falso. Assim como no jogo de xadrez, nossa vida depende o tempo todo de atenção. Não é possível ser feliz se não estivermos atentos ao mundo e às suas regras em tempo integral. Devemos acabar com a ideia de que a felicidade é uma fuga das obrigações. A felicidade não é escapar do mundo e de suas demandas, mas encará-las com disposição de espírito e convencer as pessoas de que é possível ser feliz, mesmo nas adversidades. Jogada difícil de realizar, mas que pode ser concretizada com algumas dicas.

Costumo dizer que a jogada mais perigosa neste tabuleiro da vida é o estresse. Ele é o gatilho de todos os nossos erros. O estresse é um mecanismo de bloqueio dos cinco sentidos. Tenho um amigo que, quando está estressado, não ouve, não fala, não come, não respira direito, não dorme e não percebe o afeto que lhe oferecemos. Ou seja, não enxerga as pessoas ao seu redor. O estresse é um entupimento da vida. Como podemos deixar que algo tão absurdo tome conta de nossa vontade de viver?

Coloque o ‘Eustress’ no seu tabuleiro

Eustress foi um termo criado pelo endocrinologista Hans Selye em 1975. A palavra define um tipo de estresse que é saudável ou fornece um sentimento de satisfação ou outros sentimentos positivos. Sendo assim, o eustress é uma manobra para explorar ganhos potenciais. A palavra é composta de duas referências. “Eu” que significa “bom” ou “bem” em grego. Conectada à palavra “stress”, trata-se de um bom estresse. Seria possível ter um bom estresse? Sim! Se levarmos em conta esta última como fluxo de força, podemos interpretá-la como movimento positivo.

Alguns exemplos de eustress são: encontrar ou participar de um desafio, praticar um esporte, dar um significado fortalecedor ao seu projeto profissional ou pessoal, vivenciar um amor, conhecer pessoas novas, viver plenamente um casamento ou uma relação afetiva etc. São emoções fortes que mostram quanto estamos envolvidos com o mundo e que temos o poder de manter as coisas no controle.

Um outro grande motivo de estresse que assombra as pessoas no mercado atual é a grande demanda de atenção que os meios eletrônicos exercem em nossos momentos de paz. Celulares, e-mails, MSN: todo este aparato eletrônico deixou o mundo menor e somos facilmente encontráveis. Basta uma ligação e estamos em contato.

Desta maneira, é quase impossível pensar nas oito horas diárias de expediente. O trabalho nos acompanha no trânsito, em nossas casas, em nossos momentos de lazer. Quem nunca teve que interromper uma refeição pela chamada urgente da empresa, cliente ou fornecedor?

Mas nosso papel é direcionar estas energias com calma, pois o estresse é um atraso de nossa felicidade no mundo. Como sempre, a comunicação deve nos socorrer. O eustress deve entrar no tabuleiro da vida para mostrar que nossa felicidade é produto de um esforço, e não um presente conquistado gratuitamente. Afinal de contas o xeque-mate é para quem?

(por Minoru Ueda, publicado no Portal HSM)

6 comentários:

  1. É sempre muito arriscado encontrar uma causa específica para o estresse e ainda mais difícil é generalizá-la. Contudo, a analogia é bem válida, uma vez que conhecendo profundamente as causas nos submete ao encontro das soluções eficazes para o combate ao maior vilão da sociedade com um todo e não apenas no ambiente de trabalho. Acredito que matérias desse nível, que indaga o leitor à reflexão de primeiro momento superficial, certamente os proporcionam à auto-controles imediatos.
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Olá, Fernando. Obrigado pelo seu comentário. O objetivo do texto é incentivar uma primeira reflexão. Concordo com você, ela representa o grande vilão em todos os ambientes.
    Um abraço.

    ResponderExcluir
  3. Sabe, nunca tinha parado pra pensar como perdemos tempos preciosos de nossa vida por nao sabermos colocar as questoes nos lugares certos. É bom saber que esse mal que acompanha a sociedade e que nos mata, dia apos dia, tem controle e melhor nos mesmo podemos parar e controla-lo. Com toda certeza esse foi o melhor email que ja recebi na vida.
    Obrigada pela dica e parabens. Sou sua admiradora desde de agora e, com certeza, vou enviar este artigo a todos os meus conhecidos.
    Obrigada novamente.

    ResponderExcluir
  4. Olá Prof. Minoru Ueda!

    Faz alguns meses que tomei como filosofia essa atitude de observar cada decisão como um jogo de xadrez.

    Nossas decisões precisam ser estratégicas, e afirmo que o resultado é muito satisfatório.
    Parabéns pelo texto!

    ResponderExcluir
  5. Como é bom prestigiar mais uma vez suas palavras Professor Ueda. Já tive a oportunidade de ler outros artigos seus e como sempre cada um nos leva a uma realidade que podemos alcançar. Acredito e concordo também que a felicidade é uma questão se escolha, e devemos usar estratégias em nossas vidas para consolidar essa escolha. Parabéns pelo artigo. Abraços.

    ResponderExcluir
  6. Parabéns Minoru Ueda, gostei do seu artigo.

    ResponderExcluir

Deixe seus comentários aqui: