terça-feira, 31 de julho de 2012

Que mico

Falar alto ao celular, excesso de perfume ou maquiagem, extravagância ou desleixo no modo de se vestir, expor o que não deve nas redes sociais... veja quais são as principais gafes no ambiente de trabalho, e o que fazer para não queimar o filme 

O celular do colega da mesa ao lado toca. Ele se empolga, começa a falar mais alto e, em dado momento, inicia uma discussão bem acalorada, sem se dar conta que está no ambiente de trabalho – com todo mundo ali ouvindo. Por fim, quem está ao lado perde a concentração no que está fazendo.

A cena descrita é muito comum em ambientes corporativos e apenas uma das várias gafes cometidas pelos profissionais. Esses deslizes de comportamento tornam-se frequentes quando a pessoa vive na correria, não tem tempo para se auto-observar e tem falhas na sua competência emocional.

O déficit no autoconhecimento abre as portas para as gafes, principalmente em tempos em que as paredes e portas foram derrubadas nas corporações. Embora as tradicionais divisórias ampliem o contato entre os colaboradores – o que é positivo para agilizar a comunicação –, proporciona uma proximidade tamanha que leva as pessoas a atritos dessa natureza.

No caso clássico do celular, por exemplo, as pessoas não têm noção do próprio tom de voz, afirma o consultor e palestrante na área comportamental Minoru Ueda, autor do livro “Competência Emocional – Quanto antes, melhor” (editora Qualitymark). “É um tipo de gafe e um fator de estresse para quem está ao redor, pois atrapalha a concentração”, diz Ueda.

A lista das gafes não para no celular. O excesso de perfume ou maquiagem, a extravagância ou desleixo nas vestimentas, deixar barba sem fazer, usar o e-mail da empresa para disparar correntes ou fazer fofocas e extrapolar nas festas de confraternização da empresa também fazem parte dela.

Ueda relembra outro descuido de comportamento que causa enorme má impressão: pedir aumento. Não que seja proibido, mas a questão pode envolver uma série de inconvenientes quando o colaborador não tem autoconhecimento e maturidade profissional suficientes para agir nesse caso.

“Tratar diretamente com o setor de recursos humanos e não com o gestor direto gera um problema de confiança. Aliado a isso, está a comparação a outros colegas, podendo causar crises de relacionamento. O ideal é demonstrar o porquê merece o aumento, destacar a atuação, os projetos e o quanto agrega valor à organização”, orienta o consultor.

Essas situações constrangedoras e incômodas podem comprometer a imagem de um profissional tanto diante dos colegas quanto para os superiores. Alguns deslizes são até imperdoáveis, afirma a psicóloga e orientadora de carreiras e lideranças Claudia Carraro, diretora da Carreira&Cia. “Chegar todo dia atrasado, usar gírias e palavrões, mandar currículos para vagas usando o e-mail da empresa, mentir sobre estar doente e ser encontrado no shopping são gafes imperdoáveis.”

Para não minar o crescimento profissional, Claudia aconselha o colaborador a controlar comentários e tentar separar o lado pessoal do profissional. Por mais que o ambiente de trabalho seja mais descontraído e menos formal, não se pode confundir: trabalho é trabalho.

Dicas
  • Pesquise a cultura da empresa onde vai trabalhar, a começar pela entrevista.
  • Conheça os colegas, chefe ou gestor para melhorar o contato com eles.
  • Observe o limite que cada relação interpessoal oferece.
  • Saiba que cada empresa ou colega de trabalho possui regras e valores diferentes.
  • Veja qual é a cultura corporativa em relação ao vestuário.
  • Falar alto demais incomoda os colegas, fique atento com seu tom de voz.
  • Fofocas em diálogos internos ou por e-mail da empresa não mal vistos.
  • Fique longe de assuntos polêmicos nas redes sociais se não souber a posição da empresa sobre o assunto.
  • Também não desconte sua insatisfação com o trabalho na rede.
  • Evite o e-mail corporativo para disparar as famosas “correntes”.
(Fonte: Reportagem)

Como orientar quem comete gafe
  • Os colegas podem ajudar, mas é do líder o papel de dar esse toque.
  • O toque ou feedback deve gerar aprendizado e adaptação de comportamento.
  • É importante focar no comportamento da pessoa e não na identidade.
  • Falar em particular e em local adequado.
  • A conversa deve ser baseada em fatos, não em suposições.
  • O feedback pode ser feito logo após a gafe.
  • O objetivo geral é ajudar a melhorar, nunca atacar.
(Fonte: Claudia Carraro, psicóloga e orientadora de carreiras)

Abra o jogo

Para o consultor e palestrante na área comportamental Minoru Ueda, o tripé para começar a evitar esses escorregões é saber ter limites, bom senso e autoanálise. Voltar-se um pouco para si e ter dedicação ao fortalecer esses pontos é o início para moldar a imagem repassada ao grupo de trabalho.

Isso ajuda no desenvolvimento pessoal e profissional, mostrando a essa pessoa diferenças sutis que separam o que é engraçado do inoportuno. “Observe o impacto para não correr o risco também de falar o que não deveria, de atingir e chatear alguém ou, pior, comentar questões confidenciais, que já é um erro profissional”, afirma o consultor.

Até vale um toque do colega, chefe ou profissional da área de recursos humanos, pois o contato direto e fechado em empresas nem sempre dá abertura para quem comete tantas gafes desconfiar que está sendo inconveniente com os colegas. Às vezes, até acontece, mas o mais provável é que seja motivo de chacota ou comece a ser evitado.

Quando o campeão de gafes da empresa não consegue entender os sinais dados pelos colegas ou refletir sobre suas indelicadezas, é necessário abrir o jogo. Falar abertamente sobre o problema é a melhor maneira de possibilitar a esse profissional que fique mais atento aos seus atos.

O consultor afirma que auxiliar os colegas que cometem gafes a evitar mais constrangimentos a eles e aos demais é uma forma de ajudar no direcionamento dos menos experientes em relacionamento interpessoal. Mas a disposição precisa ser bem recebida.

“Ao receber recomendações sobre o comportamento, quem desliza nas gafes precisa ter humildade suficiente para ouvir. Além disso, precisa estar aberto para entender a situação e estar disposto a refletir sobre seus atos”, afirma Ueda.

Redes sociais

Manter contato com amigos virtuais nas redes sociais requer algumas etiquetas de comportamento para uma boa convivência

Embora as redes sociais sejam um ambiente mais descontraído, é necessário atenção para não exagerar na exposição ou invadir a privacidade alheia. Não dá para confundir e achar que é amigo de infância do chefe ou do colega da divisória ao lado só porque eles constam como amigos em um Facebook, Twitter ou Instagram.

Os cuidados envolvem os tipos de postagem. A partir do momento em que uma mensagem ou foto é adicionada, ela pode ser visualizada e compartilhada por várias outras pessoas, e depois disso, não há como voltar atrás, pois mesmo que dê para apagar, o estrago já foi feito.

Para a psicóloga e orientadora de carreiras e lideranças Claudia Carraro, diretora da Carreira&Cia, é muito importante manter uma boa imagem nas redes sociais. “É uma grande exposição e é preciso muito bom senso para não ‘queimar’ a imagem. Quem usa a rede social para fins profissionais não pode misturar com assuntos íntimos. A atenção vale também para comentários e fotos em situações comprometedoras, com preconceitos, embriaguez ou em cenas com conteúdo sexual.”

Reportagem de Elen Valereto, para a Revista Bem-estar, do Jornal Diário da Região.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seus comentários aqui: